NOTA: o nome de terceiros envolvidos nessa trama será substituído por suas iniciais. Na verdade, os nomes dos principais serão substituídos por (ele) 1.1 e (ela) 1.2. Não me pergunte o por que, mas eu decidi assim. E a minha criatividade não chega a tanto de ficar inventando e escolhendo nomes avulsos para eles. Tudo que for narrado aqui é baseado em fatos verídicos, porém pode ocorrer de rolarem alterações devido a minha péssima memória. O final não visa apenas o desdobramento feliz dos fatos, pois independe de mim para que eles ocorram. Agora acompanhe a saga de 1.1, o Garoto que Hesitava. Ela será narrada em terceira pessoa por que eu quis para causar um efeito maior... Mentira. É por que eu estou familiarizado com esse tipo de narração. E eu fiz o meu melhor para não comentar coisas não muito legais das partes envolvidas. Essa narração somente será divulgada por que eu prometi, e estou farto de promessas não cumpridas, da minha parte ou de terceiros.
THE ROAD SO FAR
Essa história começa quando um garoto, 1.1, entrou no técnico. Ou até antes. Pode-se dizer que começa quando ele foi fazer a prova. Que nesse dia, os destinos dele e de 1.2 começaram a se entrelaçar. Porém, para que se encontrassem finalmente, houve um fato decisivo. Fato determinado por uma garota, que desistiu depois de alguns dias de aula (correção). Essa sua não-mais-aparição provocou algo comumente chamado como “vaga”, coisa essa que proporciona para certas pessoas a oportunidade de ingressarem no curso desejado. Foi isso que aconteceu.
Certo dia comum na vida de 1.1, estava ele indo ao Bloco F, de sua escola do ensino médio, conversando com o seu coleguinha – colega esse que é de sua sala no médio e técnico – quando ele avista uma garota descendo as escadarias daquele bloco. Passados alguns instantes de arrebatamento, ele presencia a garota – a 1.2 – falar com o seu colega e pedindo para ele ver se há uma vaga no curso. 1.1, sendo apenas ele mesmo, zoa com o seu colega, e só. Seus pensamentos estão na garota, porém ele sabe que mais hora e menos hora ele acabaria esquecendo-se dela, e ele sabia que a garota não prestou a atenção nele.
Quinze dias após o começo do curso de Informática, a mesma garota entra na sua sala do técnico, pronta para ser mais uma a participar das aulas. No mesmo instante que ela entrou na sala, algo se remexeu em seu interior, algo provocando a mais completa confusão. Aquela garota tinha algo que chamava a atenção de 1.1, mas ele não sabia explicar o quê. Talvez fosse a cor de seus olhos. O que quer que fosse, ele sentiu mexido por ela.
Os dias foram se passando e o nervosismo por ela foi aumentando. 1.1 sabia que suas chances com ela fossem mínimas, e isso ele escondia de si prórpio. E sua beleza também foi percebida pelos garotos da sala, que se aproximavam cada vez mais. O seu diálogo mais extenso com ela foi sobre canetas de celulares touch, com o coração a mil. E outra certeza também crescia em seu coração: que toda vez que ela olhava para ele, ele sempre estava em uma situação constrangedora/patética. Seja causada por ele mesmo ou pelos seus amigos.
Amigos esses que perceberam antes mesmo que ele próprio estava gostando de 1.2, e que com essa certeza, eles fizeram uma brincadeira com ele. A princípio, ele tentou negar, mas vendo em seu próprio coração ele percebeu que, sim, ele gostava de 1.2
E essa certeza mexeu com ele mais do que era possível. Se 1.1 gostava dela, o que deveria fazer? Como contar isso para ela?
Ele, antes de tudo, se tornou amigo dela. Agora ele começara a falar com ela, fazer dupla nos laboratórios e se permitir fazer brincadeiras com ela. A cada conversa sua admiração para com 1.2 aumentava cada vez mais. Ela se provou uma garota inteligente, extrovertida, divertida, e, acima de tudo, companheira. A cada minuto de convivência com ela, 1.1 descobria que ela tinha a capacidade de ser a melhor amiga do mundo.
Seus gostos e opiniões não raro aumentavam os sentimentos de 1.1, que a cada instante tentava ganhar a sua confiança. Semanas se passaram, e 1.1 comentou por leve que estava gostando de uma garota. 1.2 mostrava toda a sua boa-vontade para ele dando conselhos e ouvindo sobre todas as suas incertezas. Porém, ela não ligou os pontos para sacar que ele estava falando dela.
Porém o semestre não duraria para sempre. E o fim se mostrou próximo. Movido pela insistência constante de sua mente e o martelar irritante de suas colegas, 1.1 decidiu dar o passo decisivo, e, quando os seus caminhos se cruzaram na escola, ele disse a ela: “Preciso falar com você”. Essa conversa não continuou no mesmo dia, que chegou ao fim sem ele ter dito uma só palavra.
NOW
25 de Novembro de 2010, Quinta-feira.
1.1 acordou meio nervoso naquela manhã. Era praticamente a semana final na escola e ele estava nervoso demais. Como ele havia se acostumado de uns tempos para cá, não parava de pensar sobre isso. Ele precisava tomar uma iniciativa. Não podia demorar mais.
Na escola, ele olhava atento para os corredores, esperando ver a pessoa certa. Mas nada aconteceu até o intervalo, horário em que ele estava descendo as escadas do Bloco F, as mesmas em que os caminhos dele e dela se cruzaram pela primeira vez. Quando ele chegou à porta, a avistou indo em direção à biblioteca. Falando com ela, ele a acompanhou até a biblioteca, lugar onde ela terminaria o trabalho de biologia. Um péssimo horário para conversar com ela. Fim do intervalo, sem conversa.
Depois do intervalo haveria apenas uma aula e só. Depois dessa aula existente, ele acompanhou alguns de seus amigos que iriam fazer um cadastro. No corredor, ele avistou ao longe 1.2 saindo de sua sala. Aquela era a hora.
Se munindo de coragem, ele foi em direção a ela, repassando mentalmente tudo aquilo que ele achava de um modo melhor de abordar o assunto. Chegando ao lado dela, que estava sentada num banco em frente aos banheiros, e que ela estava fazendo companhia para a amiga dela arrumando o armário, ele perguntou sobre o trabalho dela. Tudo certo, e só. Ele se manteve quieto enquanto ela conversava com a amiga dela. 1.2 começou a tentar limpar o relógio dela que estava com a pulseira suja, e algum tempo depois, a amiga dela pediu para que 1.2 cuidasse de suas coisas que ela iria usar o banheiro. Era o momento certo, e 1.1 não poderia deixá-lo passar.
- Então 1.2, você se lembra que algum tempo atrás eu te falei que eu estava gostando de uma garota?
Ela confirmou.
- Então... – silêncio de alguns segundos. 1.1 puxou um pouco de ar – então...
- Então... – falou ela, encorajando-o a falar.
- Calma. Sem pressão – ele pediu, e riu de nervoso.
- Eu não tô pressionando – ela disse, rindo.
- E então... eu sei que essa talvez não seja a hora certa, e nem o jeito certo... mas a garota que eu tô gostando, é você. – não saíra da forma que ele ensaiara milhares de vezes, porém saiu melhor do que o esperado.
Ela fez cara de... não se sabe dizer do que. O tempo todo ela não tirara os olhos do relógio. Só se pode dizer que ela levantou as sobrancelhas.
-Mas como você tem certeza disso? – ela disse algo do gênero. Porém a mente de 1.1 não se lembra exatamente quais palavras ela usou.
- Bem, eu gosto de você. Você é inteligente, bonita, (...) – a terceira definição para ela também não consegue retornar a memória de 1.1.
- Mas em três meses? Você nem me conhece direito – suas palavras não foram rudes.
- Mas não foram só três meses. Foi o semestre inteiro.
O assunto decaiu, enquanto os dois ficaram em silêncio, submersos em seus pensamentos.
Nessa hora a amiga dela saiu do banheiro, e a conversa parou. Um tempo depois, outra amiga dela apareceu e pediu para 1.2 andar com ela. 1.2 se levantou e disse para 1.1:
- Depois nós conversamos mais.
E saiu.
A conversa não continuou no mesmo dia.
Nem no dia seguinte.
E 1.1 se pôs a esperar, a passar o final de semana inteiro a espera de uma resposta. Seja positiva ou negativa.
E mesmo na volta da semana, nenhuma resposta. 1.1 não queria forçar a barra, mas a semana estava a acabar, e com a semana, o ano. Eles se encontraram durante a semana, se esbarrando na escola. Porém, a conversa não continuou.
***
Aproximadamente 11/12/2010, não há certeza
Nada. 1.1 manda uma mensagem via Orkut, chamando-a para ir ao cinema. Na Quarta feira seguinte ela manda uma resposta, falando que não pode sair. Ele responde que paga, se for o caso. Mas se ela realmente não pode sair, ele pergunta se pode ligar. E então aguarda pela resposta.
26/12/2010, um mês e um dia depois da conversa
Os dois entram no msn. Chegara a hora. Ele começa:
1.1: E a nossa conversa?
1.2: tá vamo terminar
1.1 conta motivos por que acha que ela é a pessoa certa.
1.2 conta a opinião dela sobre esse assunto.
1.1 pede explicação.
1.2 diz que espera por um sinal para saber se é a pessoa certa.
1.1 fala que não quer forçar nada, e que quer, pelo menos, continuar amigo dela.
1.2 concorda.
E essa foi a conversa. Esse foi o fim. Nada como ele tinha esperado. Tinha sido exatamente ao contrário do que ele queria. Realmente, tinha sido um fora suave. Depois disso, 1.1 foi atacado por uma vontade latente de abrir um buraco, se enfiar nele e pedir para alguém jogar terra de volta.
SOME DAYS LATER
1.1 ainda gosta de 1.2
1.2 continua a procura do sinal.
1.1 ouve seus amigos V. e G. dizerem “eu te falei”.
1.1 ainda gosta de 1.2
1.1 não consegue esqueçe-la.
Muito menos odiá-la.
E 1.1 ainda quer se enterrar.